sexta-feira, 1 de junho de 2012

O aquecimento global

Fonte: mudancasclimaticas.andi.org.br
O IPCC não-governamental
As posições que os críticos das mudanças climáticas bebem, em muitos momentos, da mesma fonte: o documento Nature, Not Human Activity, Rules the Climate: Summary for Policymakers of the Report of the Nongovernmental International Panel on Climate Change (Natureza, Não Atividades Humanas, Regulam o Clima: Resumo para Tomadores de Decisão do Relatório do Painel Não-Governamental sobre Mudanças Climáticas) (PDF 2.241 KB - Baixar Arquivo), editado pelo cientista S. Fred Singer, presidente do Science and Environmental Policy Project e pelo instituto The Heartland.
Ainda que o paper traga contrapontos fortemente contundentes e baseados na revisão da literatura científica publicada em periódicos com os sistemas de revisão pelos pares, é fundamental salientar que, de acordo com o relatório Smoke, Mirrors & Hot Air: How ExxonMobil Uses Big Tobacco’s Tactics to Manufacture Uncertainty on Climate Science (Fumaça, Espelhos & Ar Quente: Como a ExxonMobil Usa as Táticas das Grandes Companhias de Tabaco para Fabricar Incertezas sobre a Ciência do Clima) (PDF 1.755 KB - Baixar Arquivo), lançado pela Union of Concerned Scientists em 2007, tanto S. Fred Singer quanto o Science and Environmental Policy Project e o instituto The Heartland foram fortemente financiados pela ExxonMobil entre 1998 e 2005. O instituto The Heartland, por exemplo, recebeu no período, ainda de acordo com a publicação da Union of Concerned Scientists, a soma de US$ 561.500. O Science and Environmental Policy Project teria recebido, no mesmo período, US$ 20.000.
Feitas essas considerações, vale sublinhar que os autores desse relatório, o qual, repetimos, tem sido utilizado na exposição de contrapontos à agenda das mudanças climáticas mundo afora, se colocam como um foco de divergência ao trabalho produzido pelo IPCC.
Segundo eles, os resultados alcançados pelo IPCC seriam pré-determinados, visto que a missão do Painel das Nações Unidas seria justamente provar que as mudanças climáticas são causadas por fatores antropogênicos. Adicionalmente, lançam dúvidas em relação à independência do resultado final do trabalho do IPCC, diante do fato de que os sumários do Painel são amplamente debatidos e revisados pela diplomacia dos países membros da Organização.
A despeito de suas conexões pouco convencionais, os autores do assim chamado NIPCC não estão sozinhos nessa reflexão. Em entrevista à já mencionada edição da revista Retrato do Brasil, a atual secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Suzana Kahn, que foi membro do IPCC, afirma que “a forma para chegar ao consenso [no âmbito do IPCC] é tornar as afirmações mais 'flexíveis'. Nada é dito assim: isso vai acontecer. Fala-se: é provável, é muito provável. Provável quer dizer mais de 66% de probabilidade. Muito provável é mais de 90%. Quando aparece algo que vai contra a maioria, aí se diz, ‘existe um nível baixo de evidência’.”
O físico Luiz Pinguelli Rosa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na mesma edição da revista Retrato do Brasil, acrescenta ressalvas ao trabalho do IPCC. Segundo a revista, na visão de Pinguelli, “os relatórios do IPCC apontam sempre que a solução dos problemas está no mercado”. Para ele, “não há nenhuma maneira de isso acontecer. O mercado conduziu a essa situação e não vai resolvê-la. Vai ser a intervenção do Estado e, mais que isso, a intervenção de níveis supra-estatais, como a ONU, com tratados mundiais, que indicarão as soluções".

As principais críticas discutidas no documento gerado pelo NIPCC são as seguintes:
1. São muito fracas as evidências de que as causas do aquecimento atual sejam antropogênicas.
2. Complementarmente, são mais fortes as evidências de que as causas sejam naturais.
3. Modelos de computador não são guias confiáveis para a compreensão das condições climáticas futuras.
4. As informações sobre o aquecimento dos oceanos estão sendo incorretamente utilizadas para sugerir impactos causados por atividades antropogênicas. O papel dos gases de efeito estufa no aumento do nível dos oceanos é amplamente desconhecido.
5. A compreensão do inventário atmosférico de dióxido de carbono é incompleta.
6. Maiores concentrações de CO2 são mais provavelmente benéficas à vida animal e vegetal e para a saúde humana do que menores concentrações.
7. Os efeitos econômicos de um aquecimento modesto são mais provavelmente positivos do que negativos.

Para sustentar o seu ponto central – a suposta ausência de evidências que garantissem a explicação de que a causa do aquecimento é sobretudo antropogênica –, os autores do relatório do auto-denominado NIPCC argumentam que:
• A evidência de que há aquecimento, não poderia ser utilizada como prova de que ele é advindo de causas antropogênicas.
• O assim chamado diagrama “hockey-stick” do aquecimento teria caído em descrédito.

• A correlação entre temperatura e níveis de dióxido de carbono seria fraca.
• Modelos de computador não estariam fornecendo evidências de que o aquecimento é antropogênico.
• Os registros globais de temperatura não seriam confiáveis.
• O aquecimento global anterior a 1940 seria derivado de causas não antropogênicas.
• O papel do sol no aquecimento não poderia mais ser negligenciado.

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