quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cientista quer transformar galinha em dinossauro

O paleontólogo Jack Horner quer recriar um dinossauro a partir do DNA da galinha. A intenção é fazer a evolução reversa, ou seja, fazer ressurgir traços genéticos dos ancestrais nos animais modernos.
Nas últimas décadas, paleontologistas – incluindo Horner – têm encontrado uma ampla evidência para provar que os pássaros modernos são descendentes de dinossauros – há semelhança desde o jeito com que colocam os ovos nos ninhos até detalhes da anatomia dos ossos. Há similaridades entre os pássaros atuais e os ancestrais carnívoros de duas patas, como Tiranossauro Rex e Velociraptor.
Editora Globo
O que Horner quer é trazer à tona essas semelhanças em um processo chamado atavismo, ou seja, a reaparição de características vindas de um antepassado que não havia se manifestado nas gerações intermediárias. Um exemplo disso seria um bebê humano que nasce com mamilo extra ou, muito raramente, com uma cauda.

Como é um fenômeno raro, a proposta de Horner é criar atavismos experimentais em laboratório. Desse modo, ele ativaria o máximo possível de características ancestrais de uma galinha até chegar próximo de um dinossauro.
Essa ideia foi exposta pelo cientista recentemente na TED Conference, encontro anual de tecnologia, entretenimento e design que acontece na Califórnia (EUA).

“É uma loucura”, declarou Horner na ocasião. “Mas ainda assim é possível”, disse.
Em entrevista à revista Wired, o paleontólogo e cientista deu detalhes de sua tese.
Segundo Horner, pesquisas já descobriram pistas instigantes que apontam que algumas características de dinossauros podem ser reativadas.

Não se trata de reproduzir a ideia do filme Jurassic Park, de Steven Spielberg. No filme, o cientista Michael Crichton usa DNA de dinossauros, preservados no fóssil de insetos sugadores de sangue, para reproduzir o animal pré-histórico.

Horner, inclusive, foi um dos consultores do filme e, após analisar essa ideia, descartou a possibilidade de clonagem.

Ele concluiu que o DNA se rompe muito rápido, mesmo que o fóssil esteja bem conservado. Então Horner foi buscar na biologia que estuda a evolução uma forma de recriar dinossauros.

Para desenvolver a tese de que é possível criar dinossauros a partir da galinha, Horner tomou como base um livro de biologia da década de 80 chamada “Endless Forms Most Beautiful”, do biólogo Sean Carrol.

O livro ajudou a lançar as bases para o campo da biologia evolutiva, que se concentra em descobrir os mecanismos moleculares da evolução. É fato que os seres vivos mudam ao longo das gerações, segundo a aleatória mutação genética e os efeitos do meio ambiente. Porém, os biólogos queriam determinar, exatamente, o que ocasiona essas mudanças.
Usando moscas de frutas, o estudo separou um grupo de genes que controla a forma como se estrutura o corpo da mosca, chamado Hox. Surpreendemente, estes genes são encontrado em tudo, desde vermes até humanos.

Esses genes são a chave que regula o desenvolvimento. Ou seja, eles controlam o momento em que uma parte do corpo vai se estruturar. Por exemplo, determinam a arquitetura de seis patas de um inseto ou as barbatanas de um peixe.

Com isso, foi possível concluir que formas diferentes do corpo não são resultados de genes diferentes, mas de usos diferentes durante o desenvolvimento.

Assim, fazer um ovo de galinha chocar um dinossauro bebê pode ser apenas uma questão de apagar o que a evolução tem feito para a tornar uma galinha.
Cada célula de uma galinha carrega o código para fazer um tiranossauro, mas a forma como os genes fizeram a leitura ao longo do tempo mudou. O que Horner quer fazer é controlar esses genes e, assim, conseguir transformar a galinha em um dinossauro.

Por enquanto, é só uma teoria. Mas já tem balançado biólogos e a comunidade acadêmica.

Para seguir com sua ideia, Horner esta à procura de um cientista de pós-doutorado na área de Biologia para se juntar ao seu grupo. Segundo o cientista, ele já tem algumas possíveis fontes de financiamento para seu projeto. 
Partes da Galinha que podem ser modificadas

- Dentes: o código básico para o desenvolvimento dos dentes ainda está presente nas células das galinhas, mas está em estado de dormência nos últimos 60 milhões de anos.

- Bicos: As aves têm um perfil inconfundível: os bicos. Pesquisadores de Harvard recentemente mexeram em alguns genes e conseguiram transformar um bico de galinha parecido ao focinho de um jacaré.

- Penas e pele: A textura áspera escamosa de pés de frango se aproxima da escamosa cobertura de terópodes – sem necessidade de modificação. O pássaro poderia parecer ainda mais com dinossauros por meio de cruzamento com espécies sem penas.

- Cauda – Dinossauros de duas patas contam com longas caudas rígidas para o equilíbrio. Galinhas vivem com uma curta. Pelo menos dois grupos de genes está envolvido na formação da cauda. Se os cientistas aprenderem a desligar os genes certos, eles podem ser capazes de dar uma longa cauda ao futuro "galinhossauro".

- Patas - A maioria dos terópodes tinham três dedos, mãos com garras afiadas para escalar, agarrar e cortar. Aves ainda têm os ossos dos dedos, mas eles são fundidos na asa. Controlando o processo de fusão no interior do ovo, os cientistas poderiam induzir uma galinha a nascer com as garras.

- Fêmur: em muitos animais o fêmur – maior osso do corpo – é quase horizontal. Alguns galos de briga da Ásia andam de cabeça erguida, como seus ancestrais. Os criadores de dinossauros podem começar com essa espécie para criar um galinhossauro, cujo modo de andar suportar o peso desta estatura.

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