sábado, 2 de julho de 2011

Telômeros, Telomerase e Câncer

          Os estudos desse tema levaram duas grandes pesquisadoras ao famoso prêmio Nobel. Durante os últimos 15 anos, as pesquisas levaram à identificação de uma enzima chamada telomease, que age sobre os telômeros. Acredita-se que ela seja necessária para a manutenção de muitas formas de câncer. O câncer surge quando uma célula adquire múltiplas mutações genéticas. Juntas, elas fazem com que a célula fuja dos controles normais de replicação e migração. À medida que a célula e suas descendentes se multiplicam, podem invadir e danificar tecidos próximos, ou migrar por via sanguínea ou linfática para outros territórios teciduais caracterizando as famosas metástases.
           A noção de que a telomerase poderia ser importante no processo de propagação de cânceres já era discutido em 1990, mas evidências só se tornaram convincentes há pouco tempo. As descobertas resultaram em um modelo atraente, mas ainda hipotético, da ativação normal e maligna da telomerase pelo corpo. De acordo com esse modelo, essa enzima é fabricada rotineiramente por células da linhagem germinativa no embrião em desenvolvimento. Mas, uma vez que o copro está plenamente formado, a telomerase é reprimida em muitas células somáticas (não germinativas) e os telômeros encurtam à medida que as células se reproduzem. Trata-se do envelhecimento celular ou seja a senescência. Quando os telômeros ficam reduzidos a um nível crítico para impedir que as células continuem dividindo.

Mecanismo de ação das telomerases. (Fonte:http://biolifefoundation.com/images/image/user_/telomeresfig1.jpg. Acessado em 02 de Julho de 2011)
           Se, no entanto, as mutações genéticas causadoras de câncer bloquearem a emissão desses sinais de alerta, ou permitem que as células os ignorem, elas continuarão a se dividir. Presume-se que elas também continuarão perdendo sequências teloméricas e passarão por alterações cromossômicas que darão origem a novas mutações, possivelmente carcinogênicas. Quando os telômeros são quase ou completamente perdidos, as células atingem um ponto em que colapsam a produção de telomerase. Mas elas não perderão seus telomeros por completo. As pequenas extremidades livres serão resgatadas e mantidas. Desse modo, as células perturbadas ganharão a característica e a imortalidade do câncer.
          Em geral, esse cenário foi confirmando pelas evidências, embora alguns tumores avançados não apresentem telomerase. Além disso, descobriu-se que algumas células somáticas produzem a enzima. Ainda assim, no cômputo geral, as evidências coletadas sugerem que muitas células de tumores necessitam da telomerase para que possam se dividir.
          A presença da telomerase em vários tipos de cânceres e sua ausência em muitas células normais sugere que a enzima poderoa ser um bom alvo para os medicamentos oncológicos (quimioterápicos). Substâncias capazes de inibir a ação da telomerase podem matar células de tumores sem, no entanto, interferir no funcionamento de muitas células normais. A maioria das terapias oncol´´ogicas desequilibram tanto as células sasudáveis como as malignas e, por isso, são bastante nocivas.
(Por Carl W. Greinder e Elizabeth H. Blackburn. Scientific American Julho 2011)

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