quarta-feira, 6 de julho de 2011

Meio Ambiente em Destaque - Desertificação ameaça um sexto da população brasileira

          O termo desertificação é empregado para caracterizar o processo de degradação de terras em áreas de baixa umidade (áridos, semiáriudos e subúmidos secos- no Brasil só existe os dois últimos) que atualmente ameaça a subsistência de mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas). No Brasil, em especial na região Nordeste,cerca de 31,6 milhões de pessoas estão ameaçadas pelo avanço da desertificação cujas consequências são a redução drástica da produção agrícola e de renda, migração e perda da biodiversidade.
          A desertificação resulta em áreas com nenhuma ou pouca vergetação, erosão acentuada e, muitas vezes, infertilidade.  A salinização é uma das consequencias da perda do potencial hídrico do solo o que resulta em condições adversas para o plantio e o desenvolvimento vegetal. Assim, para os agricultores a perda dessa capacidade resulta em perda da produção agrícola com consequencia socials desastrosas uma vez que os mesmo acabam abandonando as áreas de plantios de subsistência e migrando para grandes centros dentro do Nordeste Brasileiro ou para outras regiões, acabando por viverm em condições degradantes e vivendo as custas da ajuda financeiro do governo .
          Cerca de 1 bilhão de pessoas estão ameaçadas pelo processo de degradação de terras secas com a maior parte desses humanos concentrados na África. No Brasil cerca de 1,1 milhão de quilômetros quadrados estão suscetíveis à desertificação.
          O ambiente desertificado não apresenta o aspecto dos verdadeiros desertos tais como o saara ou o Atacama que são biomas estáveis resultado de processos naturais que ocorreram durante milhões de anos. Terras desertificadas são advindas da ação humana e em curto espaço de tempo perdem seu potencial e são incapazes de se reequilibrar. As atividades antrópicas (humanas) capazes de degradar o solo vão desde o pastejo execssivo até formas danosas de irrigação
          O fenômeno começou a ser percedido nos anos 1970 e após 40 anos há vasta região com elevado potencial de desertificação. A parceria entre o MMA (MInistério de Meio Ambiente) e o Inpe permitiu a elaboração de um Atlas das regiões onde o processo de desertificação apresenta-se instalado ou em fase de instalação. O Atllas considera quatro principais núcleos de desertificação no país: região de Gilbués (PI), Iraçuba (CE), Seridó (PB e RN) e Cabrobó (PE). Outra região do país também comumente associada ao tema da desertificação é o Sul - mais especificamente o Rio Grande do Sul. Mas, diferentemente do Nordeste, esses areais encontrados no Sul não são frutos do processo de desertificação, mas de outro fenômeno, chamado ARENIZAÇÃO.

         Enquanto a desertificação procede da ação humana, a arenização é um fenômeno natural intensificado por algumas atividades ntrópicas, como por exemplo o cultivo de sejo. No caso da arenização formas grandes montes de areia e no caso da desertificação surgem sulcos de terra denominados VOÇOROCAS. Os grandes areais encontra-se em faixa subtropical com elevada precipitação pluviométrica, o que torna inadequado denominar esses processos erosivos de desertificação. Contudo, há também formação de voçorocas em algumas partes do RS e as mesmas encontram-se em locais favoráveis a erosão : escoamento concentrado de chuvas fortes, solo frágil e depósitos arenosos não consolidados em camadas mais profundas.
         No Mundo se analizarmos os 100 países afetados pela desertificação verificaremos que coincidem com os mais pobres e os mais atingidos encontram-se em solo africano. A relação entre a pobreza e a desertificação foi um dos temas abordados na Segunda Conferência Internacional em Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento das Regiões Semiáridas (ICID) realizado na China em outubro de 2010. Segundo participantes "As regiões mais afetadas pela desertificação têm um nível menor de desenvolvimento, onde se concentram problemas sociais, pobreza, analfabetismo e a população depende mais dos recursos naturais para sobreviver".
         Segundo o pesquisador Everaldo Sampaio (UFRN), um dos maiores estudiosos da seca no Brasil, a desertificação no Nordeste afetada fortemente o Ceará, o RN e a Paraíba e teria iniciado junto com a colonização mas o maior impacto teria ocorrido na época das plantações de algodão, que perdurou desde do século 19 até o final dos anos 1990. Segundo o pesquisador o cultivo era feito nas encostas e, após a colheita, a plantação era usada como pasto para o gado. Esses fatores, somados ao fato de o algodoeiro cobrir pouco espaço do solo, fizeram com que as chuvas desencadeassem um forte processo erosivo. Este processo em um solo já originalmente raso resulta em uma camada de solo incapaz de reter água suficiente para o cultivo, principalmente porque as chuvas são muito erráticas na região.
        A agricultura e a pecuária não sustentáveis, de maneira geral, são so principais fatores determinantes da desertificação. Entretanto, outros fatores estão associados tais como a alteração de cursos de água tais como a projeto de transposição de água do São Francisco e também a extração em minas como ocorre nas de extraçao de gipsita, principal componente do gesso, cuja mineração envolve queimadas e desmatament, desencadeando um processo erosivo intenso que conduz a desertificação.
        Há dois principais tipos de erosão associadas ao processo de desertificação. Em um deles a erosão forma as famososa voçorocas que começam com uma metro de profundidade mas com o tempo tornam-se verdadeiras gargantas. Em outra , a erosão é laminar e ocorre em solo rasos sendo um processo invisível que por meio das ações do vento, chuva, pastejo excessivo e agricultura danosa perdem-se camadas finíssimas de solo e há redução da vegetação e dificuldade de agricultura e nessas regiões diz-se que "neste chão, as pedras crescem".
        Segundo, pesquisadores o mau uso da terra e métodos inadequado de irrigação intensificam a desertificação. Por exemplo a irrigigação por inundação na qual se deixa uma fina camada de água sobre o cultivo para suprir a deficiência hídrica espalaha mais a mancha de sal presente em um solo já salinizado e graças ao baixo grau de drenagem da terra, a água evapora e deixa os sais concentrados na sua camada superior, reduzindo ainda mais o potencial produtivo. Se a água procede de grandes rios, o problema torna-se menor. No entanto, se a água tiver como fonte pequenos açudes, o risco de salinização é maior, justamente pelo fato de a água nessas reservas ser mais salobra.
         Segundo os cientistas, o processo de dertificação pode ser afetado pelas mudanças climáticas, mas até o presente momento não há provas que relacionem mudanças climáticas com o processo de desertificação. Assim, a ação humana é o fator predominante nesse evento tão nefasto que afeta a capacidade de produção do solo.
         Conhece-se as causas e os efeitos. Mas quais medidas devem ser tomadas? Há projetos que procuram reduzir o procsso de desertificação. Mas o que fazer para recuperar as áreas afetadas? Essa é uma pergunta em aberto que iremos responder em uma próximo post. Até lá... (Fonte: Revista Ciência Hoje edição Abril de 2011)

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