quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Esquistossomose e a falta de saneamento

            O tema de análise de hoje aborda casos de esquistossomose observados em uma famosa praia do litoral do Nordeste. Vão vou citar a mesma, por enquanto, pois não é minha intenção criar desconforto para os veranistas do Brasil todo uma vez que a mesma tem uma beleza impar e recebe milhares de turistas brasileiros e estrangeiros o ano todo, em buscas de belezas naturais, águas mornas e cardumes nadando nas proximidades, relaxando num dos trechos mais cobiçados do oceano Atlântico. Mas, em meio ao sol, água de coco e outras fontes de prazer é dificil de imaginar que a poucos metros encontram-se focos do caramujo Biomphalaria glabrata, hospedeiro intermediário do parasita causador da esquistossomose, Schistosoma mansoni. Helmintose observada em várias regiões do Brasil que também ocorre na Àfrrica e àsia e em outros países em que a carência de infraestrutura sanitária e a baixa qualidade de vida são determinantes para a presença do parasita.
           No ciclo de vida do parasita, as pessoas parasitas pelo helminto Schistosoma mansoni (que habita veias do sistema porta-hepático que ligam as visceras abdominais , intestino, ao fígado) põem ovos que após ultrapassar barreiras teciduais alcançam a luz intestinal e são eliminados com as fezes do hospedeiro humano. Nas localidades onmde não há saneamento básico, as pessoas lançam o material fecal em céu aberto que acaba alcançando riachgos, lagoas, córregos, canais de irrigação, onde existem caramujos do gênero Biomphalaria. Dos ovos são libertado um embrião ciliado (alguns chamam de larva) denominado MIRACÍDIO que infectam os caramujos que habitam ambientes de água doce. No interior do caramujo ocorre uma forma de reprodução denominada pedogênese e suargem larvas com cauda bifurcada denominada CERCÁRIA. Essas larvas infectam o ser humano por meio de sua penetração através da pele quando depositamos o corpo em água doce contendo essas larvas, ou por meio da invasão da mucosa oral quando se bebe água contaminada com a larva desse parasita.

           Doença endêmica da zona da Mata de certas regiões do Nordeste Brasileiro está avançando para o litoral. Antes considerada doença da pobreza, pois ocorria em regiões rurais com saneamento inexistente ou precário, favorecia a contaminação dos rios com larvas do parasita, agora começa a ser interpretada como doença sem barreiras econômicas.O início dessa expansão é explicado pela oferta de mão de obra não qualificada gerada pelo aumento crescente e desordenado de pousadas e condomícios de veraneio em certas regiões do litoral do Nordeste Brasileiro (vale ressaltar que não será citado o local específico pois o objetivo não é afetar a imagem de determinadas praias e sim abordar um tema que pode estar no ENEM) atraindo populações rurais desempregadas. Assim, as migrações regiões estão levando o parasita S. mansoni para regiões litorâneas. Certas praias são polos turísticos litorâneos e atratores que exibem crescimento desordenado e desenfreado com um modelo de ocupação onde os recursos naturais são destruídos pela expansão inescrupulosa do setor imobiliário. As antigas áreas de manguezais são aterradas, e aí se aglutina a população migrante sem qualquer infraestrutura de saneamento, contaminando assim as coleções hídricas de água doce que se transformam em novos focos.
          Esse modelo excludente e ecologicamente perverso está promovendo uma indesejável democratização na transmissão da esquistossomose. Nesse contexto, não apenas a população menos favorecida é vítima, mas também turistas e veranistas abastados, que, ao descer de seus carros importados pisam em poças de água contaminadas. Ou ainda crianças que brincam em quintais alagados e terminam adoencendo. As complicações que essa patologia pode trazer vão desde reação alérgica forte, quando a pele exibe inúmeros pontos vermelhos que coçam, até um quadro clínico conhecido popularmente como barriga d'água, em que há acúmulo de líquido no abdômen, resultado de lesões em órgãos vitais, como fígado e baço. (Texto adaptado)

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